
O Condado Portucalense – Os primórdios de Portugal
A utilização do nome “Portugal” para definir uma configuração política mais ou menos autónoma data do século XI. Portugal é o país de fronteiras mais antigas da Europa. O território retangular do extremo ocidental do continente europeu adquiriu na imaginação coletiva, uma forma quase providencial.
A história e evolução do país deveu-se sobretudo aos povos que o foram invadindo e conquistando como os romanos, suevos, visigodos e muçulmanos. São estes últimos que permanecem mais tempo na Península Ibérica e moldam muito a forma de atuar e viver em Portugal. Os muçulmanos invadem a Península em 711 e rapidamente a dominam quase toda. Os cristãos que não se conformaram com o poder muçulmano refugiaram-se nas regiões montanhosas do Norte peninsular, as Astúrias.
A vitória dos Cristãos sobre os muçulmanos dá-se na Batalha de Covadonga em 722 iniciando-se o processo da Reconquista Cristã recuperando, ou tentando recuperar, os territórios ocupados pelos mouros.
No século IX, os cristãos chegam à linha do rio Douro sendo um dos mais importantes marcos desse avanço – a tomada e “povoamento” de Portucale, em 868 por Vimara Peres.
O norte cristão tomava assim a iniciativa contra o sul islâmico. Contudo os anos seguintes foram complicados para os cristãos que enfrentaram os Almorávidas, muçulmanos de rígidos princípios e extremamente agressivos que desencadearam uma contra-ofensiva violenta alicerçada no conceito da guerra-santa (jihad).
É neste contexto que surgem na P.I. os nobres franceses vindo no auxilio do rei Afonso VI. Estes cavaleiros eram movidos pelo intuito de combater o poder muçulmano e buscar fortuna através da atividade guerreira e conquista de novas terras.
Surgem assim dois cavaleiros Raimundo e Henrique que se ligam à casa real leonesa por meio de casamento. Urraca (filha legitima de Afonso VI) casou com Raimundo da Borgonha sendo-lhe concedida a Galiza e o titulo de Conde. Em 1096, Afonso VI concedeu a Henrique, casado com D. Teresa (filha ilegítima de Afonso VI) os Condados de Portucale e Coimbra. A concessão foi feita a titulo hereditário, mas tendo o dever de fidelidade para com o rei de Leão e Castela. D. Henrique tem como objetivo o aumento do condado mas também a sua independência, porém o Conde morre em 1112 sucedendo-lhe D. Teresa que assumiu o controlo do condado como se de uma rainha se tratasse. Intitulando-se como Regina. Infelizmente os amores de D. Teresa causaram o medo nos nobres portucalenses pois a Condessa apaixonou-se por um nobre galego e os nobres Portucalenses não queriam ficar subjugados à Galiza. Os nobres portucalenses ganharam para a sua causa o infante Afonso Henriques (filho de D. Henrique e D. Teresa) que contava com 18/19 anos, quando enfrenta a mãe na famigerada Batalha de S. Mamede em 1128. As tropas de D. Teresa são derrotadas e a mesma “renuncia” a favor do seu filho que adotou o titulo de príncipe e impôs-se como governante do Condado mudando a corte para Coimbra em 1131.A mudança da corte deveu-se sobretudo a um cariz político e militar, pois Afonso Henriques podia mais facilmente desencadear ações contra os muçulmanos e dilatar os territórios do condado.
A partir de 1139 Afonso Henriques passou a intitular-se rei dos portugueses (Portugalensium Rex). Antes de ser rei de Portugal, Afonso Henriques era rei dos portugueses, aqueles que nele reconheciam ser o detentor de poder militar e político supremo.
Delineava-se assim a independência de Portugal e o reconhecimento de Afonso Henriques como rei de Portugal. O rei de Leão, Afonso VII, primo de Afonso Henriques reconhece-o como rei em 1143, contudo Afonso H. deveria manter a sua ligação a Leão e Castela continuando vassalo de Afonso VII. A visão do rei português era diferente e o jovem rei presta apenas homenagem ao Papa Inocêncio II afirmando que o considerava como seu único senhor. Afonso Henriques, o Conquistador, teve que esperar 35 anos para que o Papa o reconhecesse como rei de Portugal, algo que acontece em 1179 através da Bula Manifestis Probatum.
Desenhava-se assim um novo país sob o comando de um homem que tinha como sonho aumentar os seus territórios, ser independente e rei deste novo território, Portugal.